O termo “renda fixa” passa a ideia de que, em qualquer situação, o rendimento será sempre o mesmo. Mas isso não é verdade.
Apesar de ser considerada uma modalidade segura, a renda fixa também envolve riscos e, em certos cenários, é possível até perder dinheiro com esse tipo de investimento.
Neste post, você vai entender por que a renda fixa não é tão “fixa” assim — e aprender os conceitos que ajudam a tomar decisões mais conscientes.
O que significa “renda fixa”?
O que significa “renda fixa”?
A renda fixa é um tipo de investimento em que você empresta dinheiro para instituições como bancos, empresas ou o governo, em troca de um retorno acordado no momento da aplicação — daí o nome “fixa”.
Ela costuma ser mais segura e previsível do que a renda variável. No entanto, isso não significa rendimento garantido: fatores como inflação, venda antecipada do título ou mudanças na economia podem impactar o resultado final.
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Por que a renda fixa pode oscilar?
Apesar do nome, a renda fixa não garante um retorno imutável. Na prática, ela funciona como um contrato de crédito: você empresta dinheiro para uma instituição (como o governo ou uma empresa) e, em troca, recebe a promessa de um pagamento futuro, que pode ser com juros prefixados, pós-fixados ou híbridos.
Esse contrato, no entanto, está sujeito a fatores econômicos e à dinâmica do mercado. Mesmo que o valor final esteja previamente acordado, o preço do título pode variar ao longo do tempo. Isso acontece porque esses títulos podem ser comprados e vendidos antes do vencimento — e é aí que entra a chamada marcação a mercado.
A marcação a mercado é o processo de reavaliar diariamente o valor de um título com base nas condições atuais do mercado. Se os juros caem, por exemplo, os títulos antigos (com juros mais altos) passam a valer mais. Isso significa que você pode vender um título antes do vencimento com lucro — até maior do que o originalmente previsto. Por outro lado, se os juros sobem ou se há necessidade de liquidez imediata, o investidor pode ter que vender com prejuízo, até mesmo por menos do que investiu inicialmente.
Exemplo prático: Tesouro IPCA+ com vencimento longo
Imagine que você comprou um título do Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045, com uma taxa de IPCA + 5% ao ano. Isso significa que, se você mantiver o título até o vencimento, terá um rendimento real de 5% ao ano acima da inflação.
Mas se precisar vender esse título antes do prazo — digamos, em 2027 — o valor que você vai receber dependerá das condições do mercado naquele momento. Se os juros estiverem mais baixos do que quando você comprou, o seu título se valoriza e pode ser vendido com lucro acima do esperado. Por outro lado, se os juros subirem, o preço de mercado do seu título cai, e você pode ter prejuízo mesmo em um investimento considerado “seguro”.
Esse tipo de oscilação é justamente o que chamamos de marcação a mercado, e é por isso que títulos longos devem ser escolhidos com cuidado — principalmente se você não tem certeza de que poderá manter o investimento até o fim.
Situação | O que acontece com o título | Resultado para o investidor |
---|---|---|
Mantém até 2045 | Recebe IPCA + 5% ao ano | Rendimento real garantido |
Vende em 2027 com juros ↓ | Título se valoriza | Pode vender com lucro acima do previsto |
Vende em 2027 com juros ↑ | Título se desvaloriza | Pode vender com prejuízo |
Cenários onde a renda fixa pode gerar prejuízo
Resgate antecipado (marcação a mercado)
Se você vender seu título antes do vencimento, ele será negociado pelo preço de mercado — que pode ser menor do que o valor investido.
Esse risco é mais comum em títulos de longo prazo e/ou com juros prefixados ou híbridos. A oscilação de preços ocorre porque o mercado reavalia esses títulos diariamente, de acordo com a economia.
Importante: Isso não significa que o título “rendeu negativo”, e sim que você realizou um prejuízo ao vender fora de hora.
Inflação maior que o rendimento
Se a inflação supera o rendimento do seu investimento, você perde poder de compra, mesmo que tenha lucro nominal.
Isso costuma ocorrer com títulos prefixados em períodos de alta inflação. Se o rendimento for menor que a inflação, seu dinheiro terá menos valor no futuro — mesmo com rentabilidade positiva no papel.
Exemplo: Você aplica com taxa de 6% ao ano, mas a inflação do período é de 7%. Seu ganho real é negativo.
Quando a renda fixa é mais estável?
Alguns investimentos de renda fixa são menos voláteis e oferecem mais previsibilidade, mesmo em cenários de instabilidade:
- Títulos atrelados à Selic, como o Tesouro Selic, são os mais estáveis. Eles acompanham a taxa básica de juros da economia e têm baixa oscilação de preço, mesmo em resgates antecipados.
- Investimentos de curto prazo e com liquidez diária, como CDBs de grandes bancos ou fundos de renda fixa conservadores, também são mais seguros para quem precisa de acesso rápido ao dinheiro.
Como investir com mais segurança na renda fixa?
Mesmo na renda fixa, é importante ter uma estratégia para minimizar riscos. Aqui vão três boas práticas:
Alinhe com seus objetivos: cada título tem um perfil diferente. Avalie se ele faz sentido para o seu momento financeiro e tolerância ao risco.
Diversifique: não concentre todo seu dinheiro em um único tipo de título ou prazo. Misturar prefixados, pós-fixados e IPCA+ ajuda a equilibrar o portfólio.
Atenção ao prazo de vencimento: só escolha títulos longos se puder manter o investimento até o fim. Isso evita prejuízos por marcação a mercado.
Conclusão: Renda fixa não é sinônimo de rendimento garantido
A renda fixa pode sim ser uma opção segura e previsível — mas não é livre de riscos. Entender os fatores que causam oscilações e aprender a interpretar os diferentes tipos de títulos é essencial para investir com mais consciência.
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